“Sombras rendilhadas”

50,00

14,8x21cm, técnica mista sobre papel preto, 2023.

Obra única. Inclui certificado de autenticidade.

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No desconforto de uma paleta cromática que não é a minha, explorei a plasticidade da sombra. Com a obra literária “Elogio da Sombra” (1933), de Junichirō Tanizaki, em mente, onde o autor guia o leitor num caminho pelas diferenças entre o Ocidente e o Oriente, valorizei vários tipos de contrastes: os plásticos, os culturais, os interpessoais e os que valorizam jogos de sombras, os quais se estendem a um incómodo de quem soluça quando esbarra com a realidade “não é preto nem branco”. Existe, de facto, uma panóplia de tonalidades, de possibilidades, de direções. Tanizaki afirma: “basta, de facto, que a parte visível esteja impecável para que se conceda um juízo favorável à que não se vê. É infinitamente preferível, num lugar assim, dissimular tudo com uma penumbra indistinta, e deixar apenas adivinhar o limite entre o que está limpo e o que está menos”. O autor, com estas palavras, poderia abordar o ser humano, um contexto amoroso, uma competição de egos, mas não; aborda, da forma mais séria possível, as casas de banho do Oriente, as quais são, por si só, contemplativas, e acentuam um contacto estreito com a natureza. 

Também a “nossa” Lourdes Castro, a qual vê as sombras, de pessoas e de objetos, como a ligação entre a presença e a ausência num jogo de materialidade, foi uma referência neste meu caminho pela ausência de cor. Eu exponho-me na sombra, mas também encontro esconderijo. Sou porta aberta, mas em constante corrente de ar. Sou renda delicada, ainda que tropece, em alguns momentos, nos meus próprios rasgões. Mas a vida é assim, a sombra é assim. É secundária, mas não o suficiente. E quando queremos contornar algo, percebemos que é em vão. As sombras fogem, os corpos dão meia volta, mas não esquecer que é só preciso outra para voltarem. Num contorno inacabado, no qual não permito tamanha finitude, o giz quebra numa ardósia negra.

Com estes dez desenhos, resultantes de uma condicionante auto imposta, explorei a simplicidade de riscadores e tintas brancas sobre um suporte preto. Explorei desenhar em negativo, sair do meu corpo. Fui a minha própria sombra, sem recorrer a outros focos de luz ou à escuridão.

“Painting is poetry that is seen rather than felt, and poetry is painting that is felt rather than seen.”

― Leonardo da Vinci

TIAGOPESSANHA

Tiago Pessanha (Lisboa, 1999) durante a sua infância foi movido pela cor e ambicionava ser designer de moda, o que o fez ingressar na Escola Artística António Arroio, onde estudou têxteis. Essa sua experiência fez com que olhasse para a produção artística como sinónimo do seu futuro, deixando para trás a vontade que sempre teve de se tornar designer de moda.

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